AMBIÇÃO
Sempre que se aborda uma característica de
personalidade ou de perfil profissional, encontra-se uma perspetiva positiva e
negativa da mesma. Normalmente passa a negativa quando excessiva, isto é,
quando a intensidade da mesma desequilibra.
A ambição é mais um
exemplo desse fenómeno. Contudo ao nível das organizações, raramente é
percebido e pressionado na vertente negativa.
Ser-se ambicioso,
desde que moderado, respeitando a ética e os outros, é um traço positivo de
perfil. Na minha prática profissional vejo este item num variado e
diversificado tipo de desenho de perfil.
Encontra-se sempre em
atividades que implicam esforço de competitividade, de liderança esforçada por
adversas características de mercado e de concorrência e, genericamente à
comercialização e crescimento de negocio. Mas também tem que ser ambicioso o
que investiga, para que não se deixe esmorecer pelos insucessos dos primeiros
resultados, ou o que gere recursos, para conseguir ultrapassar os equívocos,
mal entendidos e outros bloqueios e resistência à ação. Enfim, ser-se ambicioso
ajuda muito à colocação das nossas competências ao serviço do nosso papel
profissional.
A partir da ambição
ganha-se força, coragem e determinação para avançar, para sair da zona de
conforto e preparar a nossa própria realização. O desejo forte de conquista
pessoal e de atingimento de objetivos é alimentado e conseguido através da
ambição. Com ambição ganhamos energia e força anímica para lutar contra
adversidades. Sem dúvida que temos que ter ambição para evoluirmos. Só assim
poderemos conseguir atingir os nossos próprios objetivos. Mas há um limite à
ambição. O limite é o espaço dos outros, da sociedade e da ética. A competição,
tão alimentada pela ambição, é fundamental nalguns aspetos da nossa vida
profissional. Mas também é nefasta quando significa a anulação dos outros, a
falta de respeito pelo próximo e a ausência de entreajuda.
Na abordagem emocional
dos perfis está sempre a ambição, mas “com peso e medida”. Nunca esqueçamos, no
entanto, os que nos rodeiam. Há que refrear as ambições desmedida é
desequilibrada pela intensidade. A pretensão e avidez sem limites, o desejo
forte de fortuna, de glória, de honrarias, são normalmente acompanhados de
traços de desequilibrados atitudes sociais e falhas de ética. Assim a mesma
característica torna-se negativa, antissocial quase.
Por vezes encontro
estes perfis, excessivos de ambição, nas organizações empresariais. O seu
sucesso é normalmente meteórico e descontinuado. Acredito que nem para as
personalidades menos exigentes sobre o ponto de vista ético mereça a pena, uma
vez que dura cada vez menos tempo o sucesso da ambição exagerada.
Penso que os mecanismos de controlo social e das
próprias empresas, através dos códigos de conduta e boas práticas, vão
desfavorecer a manutenção destes perfis. A minha sincera convicção é que a
sociedade e as empresas são cada vez mais atentas a esses desvios, tendendo a
conseguir controlo sobre estes e outros excessos.
Sejamos ambiciosos
sempre que isso significa resiliência, esforço pessoal, espirito de conquista
de objetivos pessoais que não colidem como esforço dos outros e com a ética. O
que proponho com esta reflexão é que tentemos ser mais cuidadosos e precisos na
abordagem deste perigoso conceito. Deixo aqui um pensamento do próprio
Maquiavel: “ A ambição é uma paixão tão imperiosa no coração humano que, mesmo
que galguemos as mais elevadas posições, nunca nos sentimos satisfeitos.”
(M.G. Ribeiro,
psicóloga e especialista em executive search da AMROP)
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